segunda-feira, novembro 29, 2004

Dedilho-te

Dedilho letras e palavras
Mares, marés e sóis...
O cante das aves e das cigarras...
Dedilho rios e sonhos
Estrelas, luas e pequeninas nuvens...
Afectos e pétalas...
O teu sorriso e o brilho dos teus olhos
São como as papoilas
Flores bonitas que salpicam as searas
Campos de carinho que cultivas
Onde me sinto água fresca e límpida
Que tranquilamente corre para o mar
Onde tu és estuário
Eu serei rio
Onde as águas calmas se encontram
E os rios sabem a mar
Dedilho letras e palavras
Mares, marés e sóis...
Dedilho-te
Como se o teu corpo fosse uma guitarra...
E dele se soltassem gemidos...
Trinados em Sol...
Sustenido

domingo, novembro 21, 2004

Reflexão ou introspeção

Um dia o Sol nasceu na minha janela, não pediu licença, nem fez uso daqueles proformes protocolares habituais, chegou e entrou, a verdade é que a sala da minha janela se tornou mais quente.
Foi então que percebi que havia um outro mundo, com muito mais cores do que julgava até então, percebi que afinal todos temos uma parte física, mundana, terrena e uma outra parte, bem importante que vive dentro de nós, mas que geralmente fica nas profundezas do nosso ser e que distraídos nem damos por ela, essa é a nossa ala da espiritualidade, aquela que os poetas chamam alma, a parte mais bonita de nós. È nesse cantinho que guardamos as pessoas bonitas, é aí que residem os afectos, é aí que sentimos aquele toquezinho especial que nos diz que amamos esta ou aquela pessoa, que amamos esta ou aquela de uma forma especial, digamos que é nessa sala onde o Sol entra sem pedir licença, que vivem os sonhos, a saudade, o amor, o carinho, a vontade de abraçar, a vontade de beijar, a vontade de fazer amor, que não tem nada que ver com fornicar, é aí que sentimos que nos deliciamos com um texto de prosa bonita, com um poema, com um livro, com um filme, com uma música, com uma foto, com uma pintura, é nessa sala que vivem as sensações e as emoções, este é o jardim do nosso corpo.
Na verdade não abrimos as portas do jardim a quem queremos, não somos nós que temos a chave, as portas abrem-se ou fecham-se por elas próprias, são elas que sentem que se devem abrir os que se devem fechar e por isso não mostramos a todas ou a qualquer pessoa o nosso jardim. Não se passeia lá quem quer ou queremos, passeia-se lá quem tem o dom de se entender com as portas e mesmo com as manhas da fechadura.
Levamos por vezes muitos anos a descobrir esta parte de nós, alguns possivelmente nunca a descobrem, são os mais frios, os mais tristes, aqueles que resumem tudo a números, outros descobrem-na bastante cedo, esses são os de maior sensibilidade. Geralmente há sempre alguém que nos leva a essa descoberta, essa é talvez a grande descoberta da nossa vida, a grande paixão, aquela a quem amamos verdadeiramente, aquela que haja lá o que houver, não a queremos perder, não a conseguimos eliminar do nosso caminho, do nosso pensamento do nosso ser.
Por isso digo ainda de bem que um dia o sol nasceu na minha janela, ou melhor numa das minhas janelas, esse foi o dia em que o sol nasceu dentro de mim, sem que eu o autorizasse, sem que ele me pedisse licença, nasceu e mais nada.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Eco de um grito

Que se quebrem as ampulhetas
e todas as máquinas que medem o tempo.
Que a noite chegue rápido
envolva as palavras e os cansaços
em sons vindos das nuvens.
Que o meu grito corte
transversalmente o silêncio do breu
e se soltem sóis, estrelas, mares e sonhos.
Que as plantas floresçam e água jorre das fontes.
Que cantem os rios e as brisas
que se juntem ao arco Íris na dança das sete luas
que se desfaçam encruzilhadas
que se rasguem caminhos e cantem as papoilas
que o meu sorriso regue os malmequeres, as urzes os rosmaninhos
e o brilho dos teu olhos...


Hoje recebi uma mensagem bonita de uma amiga do peito, e tocou-me muito fundo, há dias em que estamos mais frágeis, mais sensiveis, pedi-lhe autorização para pegar na mensagem e tentar complmentá-la, deu este resultado eu gostei ela tb, aqui está um "Eco de um grito".

quarta-feira, novembro 03, 2004

Caminho com a Lua... de mãos dadas junto ao mar

Caminho com a Lua... de mãos dadas junto ao mar
as pegadas lado a lado ficam escritas na areia...
ao amanhecer, sento-a no colo e digo-lhe
quem ama nunca está só...


O maltês

Pois é isto tem andado mau de tempo, acaba um evento começa outro, quando não são 2 ou 3 em simultâneo.